Não tem um plano. Uma
ideia fixa. Nunca fez um portefólio. Colecciona apenas miúdos graúdos que
conhece na noite. Tem-nos como troféus. Algo que diga o tempo passou por ele. Ao
lembrar-se de um situa o outro no tempo. Não é bonito, sabe disso. Pouco importa.
Estudou. Tem emprego. Bom salário. Lê jornais. Aceita o cliché. Inferior seria
se não tivesse um bom vencimento e por isso não se incomoda quando lhe chamam de
doutor. Mas resmunga dentro dele que nunca teve, infelizmente, paciência para
fazer um doutoramento. Arranjaram-lhe logo emprego e olha. Do mal ao menos não
tem, mesmo assim, a obrigação de ter que saber falar de futebol. Fatos atraentes.
Ao ler isto com o novo acordo ortográfico preocupa-se se queria escrever fatos
ou factos. Não adoptou o acordo ainda, lembra-se. Julga atraente o guarda-fato.
Deve ser isso. De factos atraentes não consegue recordar-se de nenhum. Ou um
todo o é. Sorri.
Onze da noite é a hora de ir sair.
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