Deste lado do Atlântico as tuas
palavras soam-me ridículas. Faz um favor a ti mesmo e cura-te dessa hidrofobia.
Tenho um contacto em Portugal de um bom psiquiatra, se quiseres. Mas não acho
que seja caso para tanto, descansa. Odeia-me agora um pouco mais se quiseres. :) Não me importo. Há
palavras e sentimentos que meto de lado como ódio e comiseração é que, sabes, é
mesquinho e fazem lembrar os livros de auto-ajuda ou os do Paulo Coelho. Opto
por um certo comodismo, é certo. Mimo-me até à exaustão. As pessoas, por alguma
razão que me transcende, gostam de mim… e aninho-me nessa certeza, nesse aconchego.
Outras foram importantes num determinado momentos e se for preciso deito-os ao
Mar se notar que pretendem ficar.
Dizes-me agora que sou cruel e
que ódio é o manifesto das minhas expressões faciais. Ora essa. Quanto muito
chama-lhe desprezo e isso é desapreço. Ou preferes que faça como tu, agarrado a
um cantinho do mundo levando-o à exaustão, até que um dia vês que não tens mais
nada para destruíres. Mudar de país tem essa proeza de podermos fugir do mal
que nos fizeram e fizemos. Mas nunca por um segundo deixamos de carregar
connosco. Isso só na morte e é por isso que na Grécia Antiga os deuses diziam
que a morte era algo de bom para os Homens. E é. Ou imaginas nós a
obscurecermos o mundo para sempre? Diferente de Hitler é verdade, quiçá com a
mesma maldade a que tento fugir. É tarde, e o que te escrevo neste Email não tem sentido. Deixa-me
ficar aqui mais uns tempos antes de voltar, se voltar. Sabes:
Contigo a Céu-aberto
Caio em Queda Livre.
E é tão bom que isso aconteça.
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